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by Itala Yepez (Diretora de Estratégia Comunitária na Permian Global)

19/07/2023

O conceito de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+) emergiu como um componente crítico das estratégias globais para mitigar as mudanças climáticas. No entanto, o sucesso dos projetos REDD+ depende da participação ativa e do consentimento das comunidades locais e indígenas, que são os guardiões das florestas. É aí que entram em jogo o princípio do Consentimento Livre, Prévio e Informado (CLPI) e a abordagem de co-desenvolvimento. 

Co-desenhar um projeto REDD+ significa envolver as comunidades locais e indígenas em todas as etapas do projeto, desde a sua concepção até a implementação e monitoramento. Trata-se de reconhecer e respeitar os direitos, conhecimentos e sabedoria dessas comunidades e integrá-los ao desenho do projeto e aos processos de tomada de decisão. 

O Consentimento Livre, Prévio e Informado (CLPI) é um princípio que protege os direitos dos povos indígenas à autodeterminação, participação e tomada de decisões. É um direito específico que permite às comunidades indígenas dar ou negar consentimento a um projeto que possa afetá-las ou a seus territórios. Esse direito é reconhecido na Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas (UNDRIP) e é um princípio fundamental no direito internacional e na jurisprudência relacionada aos povos indígenas. 

O CLPI permite que os povos indígenas negociem os termos de políticas, programas e atividades impostas externamente que afetem diretamente sua subsistência e bem-estar. É um processo contínuo que envolve consulta, negociação e participação, e deve ser implementado de boa fé. O objetivo é alcançar um acordo ou consenso, mas as comunidades têm o direito de dizer não. 

O CLPI não é apenas uma diretriz de boas práticas, mas também um requisito do direito internacional dos direitos humanos. Quando implementado corretamente, pode levar a resultados mais fortes, sustentáveis e equitativos para todos. 

Quando o CLPI é bem implementado em projetos REDD+, pode ter impactos transformadores na vida das comunidades locais e indígenas. 

  • Proteção de Direitos e Meios de Vida: O CLPI garante que os direitos das comunidades sobre suas terras e recursos sejam respeitados. Ele protege seus meios de subsistência ao impedir projetos que possam levar ao deslocamento ou perda de acesso a recursos. 
  • Desenvolvimento Sustentável: Ao envolver as comunidades no desenho e na tomada de decisões do projeto, os projetos REDD+ podem estar alinhados com as necessidades e prioridades locais, levando a resultados de desenvolvimento sustentável. 
  • Preservação do Patrimônio Cultural: As comunidades indígenas e locais muitas vezes têm laços culturais profundos com suas florestas. O CLPI garante que esses valores culturais sejam reconhecidos e preservados. 
  • Prevenção de Conflitos: O CLPI pode ajudar a evitar conflitos ao garantir que todas as partes estejam de acordo antes do início de um projeto. Isso pode levar a projetos mais estáveis e bem-sucedidos. 
  • Mitigação das Mudanças Climáticas: Quando as comunidades estão envolvidas ativamente em projetos REDD+, têm mais chances de ter sucesso na redução do desmatamento e da degradação florestal, contribuindo assim para a mitigação das mudanças climáticas. 

Co-desenhar projetos REDD+ com comunidades locais e indígenas, fundamentado no princípio do CLPI, não é apenas uma questão de direitos – é uma questão de eficácia e sustentabilidade. Trata-se de construir projetos que respeitem as pessoas, o território e seus ecossistemas. Quando feito corretamente, pode transformar vidas, proteger nosso planeta e criar um futuro melhor para todos. 

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