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por Permian Brasil

22/07/2025

O segundo painel do webinar COP30: Floresta Amazônica, Soluções Climáticas, Desafios e Oportunidades, intitulado Clima, Floresta, Biodiversidade: Legislação, Políticas e Socioeconomia, trouxe evidências de que instrumentos financeiros inovadores podem ser a chave para enfrentar a crise climática e proteger a biodiversidade global.

Durante o evento, profissionais de diferentes áreas demonstraram como mecanismos de mercado estão transformando a conservação da natureza em atividade economicamente viável.

 

Brasil detém a maior biodiversidade global

Regiane Borsato, engenheira florestal e dirigente do LIFE Institute, revelou que o Brasil se posiciona como protagonista mundial em um mercado emergente estimado em até 69 bilhões de dólares até 2050. “A floresta tem valor, mas não tem preço. Precisamos trazer mecanismos econômicos para viabilizar projetos de qualidade para a conservação da natureza”, explicou Borsato. Orientar empresas na gestão de seus impactos sobre a biodiversidade tem ganhos concretos, pois melhora a governança socioambiental, tema cada vez mais sensível para investidores, reguladores e consumidores. Aplicável a empresas de todos os portes e setores, a metodologia do instituto permite transformar a relação entre negócios e natureza em uma agenda formal de gestão, inovação e sustentabilidade, apoiando o setor privado e sua cadeia produtiva na transição para uma economia mais regenerativa e compatível com os limites do planeta.

 

Comando e controle: limitações evidentes

Luciano Furtado, promotor de justiça no Mato Grosso do Sul e presidente da Associação Brasileira de Ministério Público e Meio Ambiente (Abrampa), apresentou dados que questionam a eficácia isolada dos métodos tradicionais de fiscalização. Como exemplo, trouxe que mesmo com aplicação de mais de 1.700 autos de infração e 1 bilhão de reais em multas em apenas seis meses, o Mato Grosso ainda registra 78% de desmatamento ilegal.

“Não existe resposta fácil, mas vejo duas vertentes que colaboram muito: responsabilidade na cadeia produtiva e pagamento por serviços ambientais”, afirmou Furtado.

A pressão comercial internacional está se mostrando mais eficaz que sanções administrativas. Furtado relatou casos concretos onde produtores perderam R$ 40 por cabeça de gado devido a desmatamento detectado por compradores europeus, mesmo quando a supressão era legal. Esta nova realidade antecipa os impactos da regulamentação europeia EUDR, que proibirá importações de produtos associados ao desmatamento.

 

Mercados de carbono em transformação

Elisa Guida, da Associação Internacional para o Comércio de Emissões (IETA), esclareceu que recentes críticas a projetos de carbono não representam a maioria do mercado. “O mercado reagiu ao escrutínio midiático e jurídico com revisões rigorosas nas metodologias e criação de novos selos de integridade”, explicou.

O Brasil mantém posição estratégica no mercado voluntário de carbono, especialmente em projetos florestais. Com a regulamentação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE) e proximidade da COP 30, o país pode capturar parcela significativa dos 1,3 trilhões de dólares anuais destinados ao financiamento climático até 2035.

 

COP 30: oportunidade histórica

Rodrigo Sluminsky, advogado especializado em direito climático e membro do conselho da LACLIMA, destacou que a COP 30 em Belém representa oportunidade única para integrar as agendas de clima, biodiversidade e combate à desertificação. “Existe interesse genuíno de trazer floresta para um novo patamar na COP em Belém”, afirmou. Os arcabouços legais para mecanismos de financiamento climático envolvendo conservação estão evoluindo e permitindo o aprimoramento do mercado, itens necessários para a concretização das metas e acordos internacionais.

A presidência brasileira da conferência busca promover sinergias entre as três convenções ambientais, otimizando recursos e amplificando resultados de conservação; pontuou.

 

Inovações bem-sucedidas

O painel apresentou exemplos concretos de sucesso. No Mato Grosso do Sul, mais de 200 mil hectares do Pantanal estão protegidos através de compensação de reserva legal. O estado inovou ao comprar autorizações de desmatamento para mantê-las não utilizadas, transformando potenciais ameaças em oportunidades de conservação.

O Paraná lançou a política estadual de créditos de biodiversidade, com o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul assumindo compromisso de compra integral dos créditos nos três primeiros anos.

Já o uso de inteligência artificial para rastreamento de cadeias produtivas e detecção de desmatamento está criando sistemas de transparência que fortalecem a credibilidade dos instrumentos financeiros. Esta evolução permite monitoramento em tempo real, elemento fundamental para manter confiança dos investidores.

Todos os especialistas concordaram que a demonização de instrumentos de mercado prejudica esforços de conservação. “Problemas são comuns, o importante é que os sistemas têm mecanismos internos para resolvê-los e filtrar o que é positivo”, concluiu Borsato.

A mercantilização responsável da natureza, segundo o consenso, pode criar incentivos econômicos poderosos para proteção ambiental, complementando regulamentação tradicional com soluções baseadas em mercado.

 

Sobre o evento

O webinar foi promovido pela Permian Brasil, em parceria com ((O)) Eco e apoio da ABRAMPA. Assista ao painel completo e conheça detalhes das soluções apresentadas pelos especialistas no YouTube: https://www.youtube.com/live/7Hl8KphGJ2w?si=BjGkStMGmPjyoU5f.

 

Leia também o artigo de ((O)) Eco sobre o segundo painel do webinar aqui.

Acompanhe a série de resumos dos três painéis restantes do webinar ao longo desta semana. Siga nossas redes e assine nossa newsletter aqui.

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