Construindo pontes: a conexão humana em um projeto de conservação

Trabalhar em um projeto de conservação de florestas tropicais pode soar, para muitos, como algo aventureiro e exótico, mas a realidade é que grande parte do meu tempo é gasto olhando para uma tela em um escritório, longe das paisagens que estou trabalhando para proteger.

Mas, apesar de todo o planejamento e preparação, quando se trata de implementar projetos bem-sucedidos, nada é melhor do que estar no local, pessoalmente. No início de julho, tive o privilégio de visitar oito comunidades que vivem em torno do Projeto de Conservação da Floresta Tropical de Kuamut, em Sabah, na Malásia.

Já conheço e trabalho desse projeto há anos, mas estar lá, conhecer as pessoas e as comunidades que ele apoia, e ouvir deles próprios sobre suas vidas, seus interesses e desafios, da expectativas para suas famílias, foi ainda mais comovente, gratificante e inspirador.

Muitas pessoas vivem sem ter o básico, como acesso à água potável; por isso, fiquei extremamente orgulhosa de ver como o projeto está fazendo uma diferença notável para as pessoas ao abraçar esses desafios.

Um dos aspectos mais impressionantes de minha visita foi testemunhar o entusiasmo e a participação das mulheres nessas comunidades. Elas estavam determinadas a ter palavra na elaboração dos projetos, vendo-os como uma oportunidade de ouro para melhorar seus meios de subsistência. Ouvi as discussões aprofundadas que tiveram sobre práticas sustentáveis e desenvolvimento comunitário.

Esse envolvimento não é apenas simbólico; ele representa uma mudança real e significativa. As mulheres agora têm plataformas para expressar suas ideias e preocupações, impulsionando iniciativas que beneficiarão suas famílias e a comunidade em geral.

Igualmente inspirador foi o envolvimento dos homens, especialmente sua vontade de participar dos grupos de monitoramento. Testemunhei seu desejo genuíno em aprender sobre carbono, clima e biodiversidade. Parecia que o comprometimento ali refletia um profundo senso de responsabilidade e orgulho do projeto. Eles estavam ansiosos para fazer parte de algo maior do que eles mesmos, entendendo que suas contribuições são vitais para o sucesso dos esforços de conservação.

O papel dessas comunidades no apoio às atividades de conservação não pode ser menosprezado. Seu envolvimento no patrulhamento da área e na identificação de ameaças, logo no seu início, é fundamental. O conhecimento local que elas trazem para a mesa garante que os esforços de conservação não sejam apenas eficazes, mas também sustentáveis. O projeto Kuamut, desenvolvido em parceria com a Permian Global, aproveita essa experiência, promovendo um ambiente colaborativo em que os membros da comunidade se sentem valorizados e essenciais.

Outra experiência gratificante foi a conexão humana durante minha visita. Compartilhar refeições e conversar com os membros da comunidade me permitiu começar a entender melhor suas vidas. Eles falaram francamente sobre suas dúvidas, preocupações, esperanças e sonhos. Essas interações enfatizaram a importância da confiança e do entendimento mútuo. Vi em primeira mão como o projeto começou a ajudar a comunidade a aliviar algumas das dificuldades e abrir portas para melhorias – fornecendo acesso a água limpa, facilitando emergências médicas, com um novo barco, e oferecendo um senso de esperança de que as coisas podem e vão melhorar.

O calor e a hospitalidade genuínos das pessoas no Kuamut me marcaram profundamente Foi um exercício de humildade testemunhar a resiliência e o otimismo deles, apesar dos desafios que enfrentam. Suas histórias reforçaram a importância dos esforços de conservação conduzidos pela comunidade e a necessidade de garantir que a população local esteja no centro dessas iniciativas.

Ao refletir sobre minha visita, sinto-me cheia de esperança quanto ao futuro do Projeto de Conservação Kuamut e de iniciativas semelhantes de conservação e clima. A participação ativa e o entusiasmo das comunidades locais são fundamentais para o sucesso desses projetos. Seu envolvimento não apenas aumenta a eficácia dos esforços de conservação, mas também garante que os benefícios sejam sentidos onde são mais necessários.

O envolvimento da comunidade não é apenas um componente dos projetos da Permian; é a base sobre a qual seu sucesso é construído. As experiências e percepções de minha visita ao Kuamut destacam o poder transformador do envolvimento da população local em cada etapa do processo. Seu conhecimento, compromisso e esperança são as forças motrizes por trás dos esforços de conservação sustentáveis e significativos. No futuro, é essencial continuar construindo essas pontes e apoiando a participação ativa das comunidades na proteção do nosso planeta.

Artigo publicado originalmente em 08 de agosto de 2024, no Blog da Permian Global. Confira o original.