A crítica recente aos projetos REDD+ que afirmou que mais de 90% dos créditos de carbono das florestas tropicais são inúteis se baseia em conclusões enganosas e infundadas de uma investigação que propôs um novo método de mensuração das ameaças às florestas.
Embora a nova abordagem tenha potencial para ajudar a melhorar a precisão global da linha de base para alguns projetos, ela necessita de aperfeiçoamento e validação para garantir melhorias para as metodologias existentes. Contrariando conclusões publicadas por diversas mídias, o novo método ainda não demonstrou uma melhoria em relação aos parâmetros atuais utilizados para validação de projetos REDD+.
Especialistas em carbono florestal das Universidades de Aberdeen e Exeter, Space Intelligence e da Permian Global escreveram uma resposta ao artigo, destacando várias das limitações que resultam em conclusões não fundamentadas, levantando preocupações semelhantes. Aqueles que defendem novos métodos têm a responsabilidade de validar qualquer afirmação de que uma nova abordagem é melhor do que as existentes, e os desenvolvedores de projetos de REDD+ devem utilizar uma combinação de abordagens com base em melhores práticas. Esta é a vanguarda da pesquisa aplicada.
Apesar destas limitações, muitas pessoas acataram as conclusões do artigo para condenar a maioria dos projetos de REDD+. Isto deu ao público uma imagem negativa e generalizada da credibilidade de todos os projetos e, como resultado, levantou questões sobre a integridade das reduções de emissões atribuídas a todos os créditos gerados.
É essencial que os créditos de projetos que não cumpram elevados padrões científicos não sejam utilizados para contrabalançar ou compensar emissões, complementarmente às suas estratégias de reduções. Ao mesmo tempo, existem muitos projetos de conservação florestal de alta qualidade que proporcionam benefícios significativos em termos de carbono, biodiversidade e comunidades. É vital que projetos rigorosamente avaliados e que cumpram múltiplos critérios de análise continuem a ser valorizados e apoiados.
“A mídia desempenha um papel vital no escrutínio da responsabilização dos projetos que procuram mitigar as alterações climáticas, pois precisamos garantir que os projetos cumpram suas promessas. O novo método de controle sintético pode ajudar a melhorar a precisão dos cenários contrafactuais de desmatamento, mas antes que as conclusões possam ser suficientemente confiáveis para implantação operacional, primeiramente, ele precisa ser refinado ao levar em conta fatores julgados importantes e também ser devidamente validado”, afirma Dr. Andrew Cunliffe, da Universidade de Exeter.
“Os projetos que contribuem para o mercado voluntário de carbono são altamente diversificados e muitos alavancam importantes co-benefícios para o desenvolvimento sustentável das comunidades locais e para a biodiversidade. Estes resultados positivos para pessoas, natureza e clima podem ser colocados em risco se as preocupações com os métodos de contabilização do carbono, que ainda estão numa fase inicial de desenvolvimento, minarem a credibilidade de todo o mercado. Os métodos melhoram com o tempo em resposta a pesquisas; os debates acadêmicos em torno destes refinamentos não devem ser interpretados como prova de que todos os projetos de carbono e os mecanismos de financiamento subjacentes são inerentemente falhos,” complementa o professor David Burslem, da Universidade de Aberdeen.
Para mais notícias, acesse a página.