Qual a importância da participação ativa dos cidadãos na conservação de áreas naturais públicas ou privadas? Em uma entrevista instigante, Miguel Milano, professor e Conselheiro Sênior da Permian Brasil, destaca que, embora as terras públicas sejam essenciais e ofereçam benefícios coletivos significativos, é igualmente crucial cuidar das terras privadas. A má utilização das terras privadas pode causar danos que nem mesmo a gestão eficiente das terras públicas consegue compensar. A análise convida a refletir sobre o papel de todos os cidadãos na preservação de áreas nativas independentemente do âmbito de propriedade e explica que o conceito de terra privada é relativamente moderno, surgindo após a Idade Média com a aquisição privada de terras na Europa.
Segundo o professor e doutor em ciências sociais, a Constituição brasileira garante o direito à propriedade privada, desde que cumpra sua função social, que inclui aspectos ambientais. Há uma flagrante necessidade de atenção às áreas de preservação permanente e de reserva legal, conforme determinado pela lei. Terras públicas como parques nacionais, reservas biológicas e territórios indígenas são coletivas e também precisam ser protegidas pela sociedade para garantir os benefícios ambientais que elas proporcionam. Muitos dos benefícios da natureza, como a qualidade do clima, a quantidade de água, a polinização e a reciclagem de nutrientes eram gratuitos, mas estão se tornando limitados devido ao crescimento populacional e ao aumento da demanda por recursos. Portanto, ele alerta que é fundamental proteger e manejar adequadamente tanto as terras públicas quanto as privadas para garantir a sustentabilidade ambiental.
Outros pontos importantes destacados da sua conversa com a estudante de geografia da USP, Juliana de Oliveira, foram:
Miguel Milano nos convida ainda a refletir que tudo o que é feito de bom para a natureza beneficia as sociedades humanas (Link), mas que nem tudo o que é feito para o bem das sociedades humanas beneficia a natureza. Por fim, acrescenta que os desafios na gestão de terras públicas passa pela necessidade de educar a população desde a base até a universidade, para que haja uma compreensão plena sobre a importância da conservação ambiental. Em suas palavras, a educação é crucial para que as pessoas façam as conexões corretas e entendam a importância de consumir de maneira sustentável para não prejudicar o meio ambiente; e sem educação de qualidade, não há possibilidade de avanços nessa direção – complementa o professor.
Doutor em Ciências Florestais, Miguel Milano é uma referência sobre sustentabilidade no Brasil. Integra os conselhos de sustentabilidade do Grupo EBX e Novelis (EUA), Instituto Life (presidente), do Funbio, do Forest Trends (EUA), de O Eco, da Fundação Neotrópica do Brasil e do Instituto SOS Pantanal. Foi Diretor do IBAMA, Diretor Executivo da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, Diretor Corporativo de Responsabilidade Social do Grupo Boticário, e Representante da Fundação AVINA para o Sul do Brasil e o Pantanal.
Entrevista publicada em 16 de maio de 2024 no Youtube da Permian Brasil. Confira na íntegra.