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por Permian Brasil

29/05/2025

Contrariando as expectativas de retração após a eleição presidencial americana, o mercado voluntário de carbono vem demonstrando certa resiliência. Segundo o relatório The Hidden State of the Voluntary Carbon Market 2025 (aqui) da Patch (link), uma plataforma dados analítica para o mercado de créditos de carbono, embora o volume total de créditos aposentados tenha diminuído 17% no período pós-eleitoral, o número de empresas participantes no mercado cresceu 6%, sinalizando uma transformação estrutural que transcende mudanças no cenário político.

A análise dos seis meses de dados pós-eleição americana mostra que as empresas não estão abandonando o mercado, mas sim refinando suas estratégias. Esta mudança reflete uma transição fundamental: o movimento das abordagens de compensação (neutralização) para modelos de contribuição climática. As organizações estão priorizando qualidade sobre quantidade, comprando volumes menores de créditos com maior integridade e preços mais elevados.

 

Perspectivas Divergentes sobre o Crescimento da Demanda

Rich Gilmore, CEO da Carbon Growth Partners, oferece uma perspectiva importante que complementa estes insights. Em sua análise, ele questiona se a demanda está realmente diminuindo, e argumenta que, ao contrário, “a demanda está aumentando, e a uma taxa crescente”. Ele destaca limitações metodológicas na análise de períodos específicos, observando que os padrões de aposentadoria são “altamente sazonais e irregulares”.

Adotando uma perspectiva de longo prazo, Gilmore estima que em 2025, o mercado deve crescer mais de 20%, “o maior salto desde 2020 até 2021”, com o primeiro trimestre apresentando um recorde e com o segundo trimestre caminhando na mesma direção.

Essas perspectivas aparentemente divergentes podem coexistir. O mercado está se dividindo em dois níveis distintos de qualidade. No segmento premium, encontram-se projetos  com base na natureza com credenciais sólidas de integridade, soluções tecnológicas avançadas  e outros projetos muito bem avaliados. O segundo nível abrange principalmente créditos de energia renovável mais antigos e de menor valor.

Esta segmentação provoca uma escassez oculta de oferta de créditos de alta qualidade que não se distribui uniformemente. Enquanto foram emitidos 305 milhões  de créditos em 2024, apenas 88 milhões foram aposentadas no período analisado pelo relatório.

 

Padrões de Demanda Revelam Preferências Sofisticadas

Segundo o relatório, os compradores de créditos de carbono demonstram critérios cada vez mais rigorosos. Aproximadamente 79% buscam créditos com classificação BBB ou superior da agência de ratings BeZero, enquanto 83% exigem classificação Tier 2 ou superior da concorrente Sylvera.

 

O Valor dos Cobenefícios na Diferenciação de Qualidade

Projetos de conservação da natureza alicerçados em clima, comunidade e biodiversidade (saiba mais) emergem como opções  diferenciadas no mercado de créditos premium. Estas iniciativas  também protegem ecossistemas vitais, preservam a biodiversidade e geram benefícios socioeconômicos tangíveis para comunidades locais. Os projetos vão além do simples armazenamento de carbono, oferecendo impactos positivos múltiplos que atendem às crescentes expectativas de responsabilidade corporativa.

Esta abordagem holística torna-se especialmente relevante no contexto atual de bifurcação do mercado. Empresas que buscam créditos de alta qualidade reconhecem que projetos com cobenefícios comprovados oferecem maior valor reputacional e impacto real, justificando os preços premium. A tendência indica que projetos focados exclusivamente na redução de emissões, sem considerar aspectos socioambientais mais amplos, enfrentarão dificuldades crescentes para competir no segmento de qualidade superior, onde a demanda por soluções integradas e sustentáveis se intensifica.

Para líderes de sustentabilidade, a abordagem mais eficaz combina redução de emissões em toda a cadeia produtiva  com estratégias sofisticadas de investimento em conservação e desenvolvimento sustentável que consideram  a qualidade, disponibilidade e impacto climático real dos ativos que viabilizam esses objetivos.

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