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por Permian Brasil

04/05/2025

Um recente estudo publicado em abril de 2025 no periódico Global Environmental Change Advances (aqui) revela que as mudanças climáticas estão provocando uma ampla redistribuição de espécies que pode afetar drasticamente a eficácia das áreas protegidas (APs) existentes para a conservação da biodiversidade.

A pesquisa desenvolveu uma medida de velocidade de zonas climáticas – a rapidez e direção com que as condições climáticas se deslocam através do tempo e espaço – para avaliar a exposição das APs globais aos riscos climáticos em cenários futuros. Os resultados são alarmantes: até meados do século (período entre 2040-2069), cerca de 20% da área terrestre protegida global poderá sofrer mudanças nas zonas climáticas em todos os cenários futurzonas cos, e mais da metade das APs terrestres enfrentará velocidades médias superiores a 0,1 km por ano.

Mais constatações da pesquisa:

No cenário de altas emissões de gases de efeito estufa, principalmente dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, a velocidade das mudanças de zonas climáticas continuará a se intensificar até o final deste século, potencialmente impactando 40% da área protegida existente. Este cenário pessimista representa uma situação com pouca mitigação das emissões e continuação da alta dependência de combustíveis fósseis.

As zonas climáticas atuais para aproximadamente 15% da área terrestre devem se deslocar para fora da rede de APs existente e para áreas modificadas pelo homem, indicando que a rede atual não absorverá essas mudanças.

Cerca de 15% da área terrestre protegida atual também estará exposta a condições climáticas emergentes sem precedentes ou perda de condições climáticas existentes, comprometendo potencialmente a eficácia da rede de áreas protegidas.

As áreas mais vulneráveis estão concentradas na América do Norte, Europa, norte da Ásia, Amazônia, sul da África e Austrália central. Áreas protegidas com características específicas – maior extensão, latitudes mais altas, elevações mais baixas e menor heterogeneidade topográfica – têm maior probabilidade de enfrentar essas mudanças climáticas.

O estudo também analisou os padrões espaciais dessas mudanças, revelando que apenas 25% das alterações projetadas serão absorvidas dentro das APs existentes. Aproximadamente 8,3% da área protegida global mudará para um clima novo, sem zona climática equivalente dentro de um raio de 1000 km, e 6,6% experimentarão climas desaparecidos.

A transformação de 8,3% da área protegida global para climas novos, sem análogos dentro de um raio de 1000 km, representa uma ameaça significativa aos ecossistemas atuais. Estas novas condições climáticas podem desencadear uma reorganização profunda das comunidades biológicas, pois espécies nativas podem não estar adaptadas para sobreviver nestes ambientes inéditos.

Como resultado, poderemos observar declínios populacionais, extinções locais e a chegada de espécies mais adaptadas às novas condições, alterando as interações ecológicas fundamentais. Esta perturbação nos serviços ecossistêmicos pode afetar desde a disponibilidade de água e alimentos até o controle de pragas e polinização, impactando inclusive comunidades humanas que dependem destes recursos naturais.

As evidências apontam para a necessidade urgente de um planejamento de conservação estratégico e adaptativo que considere explicitamente as mudanças nas zonas climáticas. O estudo sugere que expandir os limites das APs existentes ou criar corredores para conectá-las pode apoiar a migração e conservação das espécies.

Para demonstrar como essas abordagens podem ser implementadas, a pesquisa apresentou um estudo de caso regional focado no Parque Nacional de Yellowstone, nos EUA. O estudo mapeou características de conectividade climática e padrões espaciais de mudanças nas zonas climáticas, identificando áreas prioritárias para corredores de biodiversidade e estratégias de gestão que poderiam facilitar a adaptação das espécies às mudanças climáticas.

As análises de velocidade de zonas climáticas oferecem uma ferramenta multivariada e ecologicamente relevante para compreender os riscos à biodiversidade, podendo ser aplicada em várias escalas para apoiar um planejamento de conservação mais eficaz diante das mudanças climáticas. O desenvolvimento de áreas protegidas que considerem essas mudanças será fundamental para garantir a resiliência das intervenções de conservação no futuro.

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