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by Adriana Martins - Diretora de Comunicação da Permian Brasil

15/09/2024

O Brasil enfrenta uma crise sem precedentes de queimadas e incêndios, afetando praticamente todos os seus biomas. Em todo o país, o número de focos neste ano já é cerca de 80% maior do que em 2023, quando enfrentamos a pior seca em 40 anos, de acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN – Link).

Um fator fundamental para entender a extensão do problema são as secas extremas que o Brasil enfrenta, que têm forte associação com o fenômeno climático El Niño, que provoca temperaturas mais altas, e com as atividades humanas, emissoras dos gases de efeito estufa causadoras do aquecimento global.

Na Amazônia, o período entre agosto e novembro é, historicamente, o mais crítico para queimadas. É o verão amazônico, com altas temperaturas e baixo índice pluviométrico, conforme evidenciado pelo projeto #Colabora (Link). Nesta estação, também é comum que esta prática escape ao controle e adquira proporções de incêndios, e não à toa, concentra 75% de todas as ocorrências anuais.

Neste contexto, os dados das queimadas e incêndios deste ano ultrapassam as médias históricas. Em agosto de 2024, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE – Link) registrou mais de 38 mil focos de incêndio, um aumento de 145% em relação a agosto de 2023 e as chamas já consumiram 2,5 milhões de hectares, quase a área de Alagoas, de acordo com o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da UFRJ (Link).

É um paradoxo, portanto, que as mais de 63 mil ocorrências deste tipo registradas em 2024 superem, em muito, a média histórica da Amazônia, mesmo tendo havido redução de 20% do desmatamento, neste bioma, no período.

Essa aparente contradição pode ser explicada por alguns fatores relacionados. Um deles é a disponibilidade de fontes de ignição, materiais combustíveis resultantes do desmatamento como troncos, galhos e folhas acumulados no solo em áreas previamente desmatadas ou degradadas.

Outro fator é o aumento da “paisagem inflamável”, uma vegetação mais seca e suscetível à propagação muito rápida dos focos de incêndio, que, somada ao efeito climático El Niño, tornam a Amazônia, tradicionalmente uma floresta úmida e resistente ao fogo, mais vulnerável e liberadora do grande volume de carbono nela estocado.

Queimadas na Amazônia
Queimadas na Amazônia. Foto: Marizilda Cruppe / Greenpeace – 01/08/2024 Fonte: Projeto #Colabora

É fato também que parte significativa das queimadas tem tido origem criminosa. Na Amazônia, grileiros e garimpeiros constantemente usam o fogo para desmatar. E no período de seca, essa atividade se intensifica com a maior dificuldade de fiscalização, devido às múltiplas ocorrências e à rápida propagação dos focos, que criam um cenário de guerra, difícil de controlar.

E é nestas circunstâncias, que a fumaça gerada pelas fortes queimadas na região norte, pega carona no trajeto dos rios voadores – massas de ar com alto teor de vapor de água, que ganham força na Amazônia e descem para o restante do Brasil, viajando até encobrir cidades dos estados do Centro-Oeste, Sudeste e Sul.

Sem o benefícios das chuvas distribuídas pelos rios voadores, estas outras regiões passam a sofrer com os mesmos efeitos da estiagem prolongada e paisagem inflamável, com as queimadas fugindo de controle, contribuindo para um efeito generalizado de incêndios e fumaça se alastrando em quase todo o país.

Diante disso, as Soluções baseadas na Natureza (NBS – Link), como os projetos de conservação florestal, desempenham um papel ainda mais importante para salvaguardar natureza e populações locais. A conservação e restauração de florestas, através de programas de proteção territorial e combate a incêndios, e de manejo sustentável junto às comunidades locais, sustentados pelos mecanismos disponíveis de financiamento climático, reduzem o desmatamento e a degradação. Assim, contribuem para a segurança e sustentabilidade, possibilitando substituir queimadas por práticas mais recomendadas, interrompendo este círculo vicioso que ameaça populações locais e agrava a crise climática.

Conheça um projeto de conservação da natureza, em parceria com comunidades amazônicas, que vem protegendo mais de 146 mil hectares de floresta nos últmos quatro anos: Projeto de Conservação Florestal da RESEX do Rio Cautário, RO – Brasil [Link].

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